A Busca

Antônio Celso
estudante de Língua e Literatura Alemãs – UFSC

Eric Heuvel, Ruud van der Rol, Lies Schippers
tradução de Augusto Pacheco Calis, posfácio de Gilberto Dimenstein

As histórias em quadrinhos tradicionalmente se voltam, ou são voltadas, ao público infanto-juvenil. Ou pelas ilustrações, ou pelo conteúdo, mas no caso de “A Busca”, há uma mensagem importantíssima sobre o Holocausto que chega em forma de leitura que desperta crítica no público jovem.
Atrás de uma história que é contada por uma personagem do livro, exemplo claro de narrativa meta-histórica, o leitor é levado às memórias de uma senhora que rememora sua fuga da Alemanha nazista, poucos antes de estourar a 2ª guerra mundial. Durante sua fuga para a Holanda, a personagem Esther  relembra as situações e as pessoas que a ajudaram a sobreviver.
Com uma linguagem bastante acessível e ricamente ilustrada, o livro trata de momentos dramáticos da 2ª grande guerra, em especial o Holocausto. A obra suscita uma reflexão imprescindível a todo aquele que deseja compreender a História procurando refletir em eventos do passado situações para uma melhor interpretação do presente, em situações do cotidiano.
Para tanto, a publicação da obra parte de uma iniciativa da “Casa Anne Frank”, de Amsterdã, tendo como objetivo a publicação de memórias numa literatura em quadrinhos, dos sobreviventes do Holocausto. Evidente que há, também, um interesse bastante grande da comunidade  judaica, tanto na Holanda quanto no Brasil, para a publicação desse tipo de obra. A julgar pelos autores, que se basearam nas memórias para criar uma narrativa com personagens fictícios em uma narrativa verossímil e pelo autor do posfácio à edição brasileira, Gilberto Dimenstein.
O que me chamou a atenção para a obra é a semelhança com outra publicação da Cia. das Letras, chamada “Maus”, que conta uma história do Holocausto, também em quadrinhos, com os judeus representados por ratos e os nazistas, por gatos. Interessante a analogia que, de um modo ou de outro se relacionam também com esta obra.
A questão da intolerância cultural, aliada à xenofobia, é hoje na Europa um problema a ser encarado pelas autoridades dos países mais desenvolvidos. Acredito que esse livro é um veículo de crítica que suscita discussões atuais com essa temática.

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