Rosário, Isabel e Leopoldina: entre sonhos e deveres

Neste bicentenário da independência viajamos pelo tempo do Imperador em muitos livros e nos mais diversos gêneros. Rosário, Isabel e Leopoldina seria mais um entre tantos não fosse o único a ter uma menina negra – neta e filha de reis da África Congolesa e Pequena África no Rio de Janeiro – como narradora e a família imperial como objeto de estudo.

Num país que teve sua economia ligada ao trabalho escravo por 388 anos, o último país das américas a abolir a escravidão (o que ocorreu de maneira vergonhosamente tímida), essa mera inversão de papéis já valeria a leitura do livro. Mas o texto de Maria Patriota vai muito além, e as observações da menina princesa da Pequena África, que limpa pinicos e organiza a biblioteca de Dom Pedro II, ainda nos traduzem com precisão: 

“Pelo dito e não dito, concluí que minhas amas, Isabel e Leopoldina, tinham um belo problema de identidade nas mãos: preparavam-se para reger um império ao qual não podiam pertencer plenamente … regeriam um povo com o qual não deviam se misturar, sob pena de perder o direito de reinar.”

Rosário, Isabel e Leopoldina, delicadamente ilustrado por Joana Veloso, pode ser catalogado como “informativo” ou lido como romance de formação, aventuras e desventuras de Rosário, a princesa da Pequena África. Nas suas palavras:

 “Dentro de instantes esconderei o caderno em que escrevo numa pasta da biblioteca de improvável consulta num futuro próximo … bom dia, aventura, é hora de partir para ir fundar a minha dinastia.”

Rosário, Isabel e Leopoldina, entre sonhos e deveres

de Margarida Patriota e ilustrações Joana Veloso

Pallas, 2021

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