por Claudete A. Segalin
Livros são palavras silenciosas que repercutem fundo no leitor, fazendo-o desejar e repetir a leitura de um mesmo livro ou, às vezes preferem tê-lo à cabeceira pelo prazer de reencontrar imagens, arranjos metafóricos, construções inusitadas decorrentes da habilidade do escritor em reunir palavras muito batidas, sobre as quais não se percebe mais nada de novo.
O último livro do poeta e escritor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, O fio da palavra (2012) além de proporcionar emoções dessa natureza, é um livro em que se observa uma sintonia perfeita entre texto e apresentação; a capadura, escura e o formato discreto, parecem indicar que o projeto gráfico encontrou o ponto de equilíbrio entre conteúdo e forma, ou seja, a apresentação conveniente para um candidato a prêmio e à estante dos clássicos(por que não?!…).Sua leitura instiga o leitor a desvendar as dimensões da palavra- uma das grandes preocupações do escritor e poeta mineiro.Em primeira pessoa, Bartolomeu não conta nada ao leitor, antes, ordena de tal modo a seqüência das palavras no texto, que inevitavelmente incita o leitor a relê-lo desejando descobrir como e qual foi o momento em que foi fisgado por essa linguagem simples, às vezes até piegas, que, como a aranha, vai puxando os fios da palavra, extraindo-lhe a essência poética e metaforizando-a por meio da delicadeza e de seus fios.Mais uma vez Bartolomeu brinda o leitor com um livro de cabeceira. Bartolomeu/aranha tece como esta, um emaranhado de fios que encantam e, enredam o leitor na poesia que descobre em palavras do dia-a-dia, que só quem sente coceira nos dedos pode fazê-lo.
Campos de Queirós, Bartolomeu – O Fio da palavra; ilustrações de Salmo Dansa. Rio de Janeiro: Galera Record, 2012-09-09